quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Minha homenagem ao meu Irmão, meu Herói, meu Amigo...




F. Chagas...

Quero dizer que te amo...E que independente de ser ou não soldado do EB, você é um soldado da vida...



APOLOGIA DO INFANTE (AUTOR DESCONHECIDO)
Imensa formação de brancas cruzes,

Desfile mortuário de fantasmas,

Exótico mercado de miasmas,

Exposição de ossadas e de urzes...

Calado e mudo queda-se o canhão,

Apenas trevas cobrem a amplidão,

Do que outrora foi um campo batalha...

Calada e muda queda-se a metralha,

É morta na garganta a voz do obus,

O sabre traiçoeiro não mais reluz

Dilacerando, ensanguentado a terra...

A paz voltou, é terminada a guerra.

Os heróis já tombaram das alturas, covardes, bravos jazem olvidados,

Seus feitos aos livros relegados,

Nada mais resta, apenas sepulturas.

E eu? Quem sou?

Perguntam... eu, quem sou?

Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado,

Igual a qualquer outro que avançou, combateu, foi derrubado.

Cruzes iguais...

Terrivelmente iguais...

Exército que cresce mais e mais,

No festim diabólico da morte.

Aqui jaz o covarde.

Ali o forte.

Aqui dorme um estranho.

Ali estou eu...

Mas ninguém sabe como ele morreu...

Não se lembram do campo de batalha,

Nunca ouviram o riso da metralha...

Não sentiram tremer o corpo inteiro ao rugido terrível do morteiro...

Não viram a cor dos olhos do inimigo.

Não sentiram o medo do perigo,

Que nos faz desejar a morte breve.

Nunca sonharam.

Nunca, nem de leve.

Mas... Nem todos se esqueceram do soldado

Que está longe, muito longe sepultado...

oh minha mãe, se tu soubesses

Que tua imagem adornei com flores,

Que tuas flores foram minhas preces,

Preces colhidas no jardim das dores... oh mãe, se te contasse

O medo que senti sem teu carinho,

Um medo horrivel de morrer sozinho.

Medo mesmo que o medo me matasse...

Mas deixei meu abrigo e avancei

Julgando ver a morte a cada passo ouvindo o sibilar de um estilhaço...

Parei... Pensei em ti... Continuei...

Minha querida mãe, se te dissesse

Que quando derrubou-me uma granada jogando-me por terra ensanguentado,

Foi por ti que chamei desesperado.

Por um momento deixei de ser soldado

E fui novamente uma criança

Sentindo na morte a esperança

De ainda adormecer no teu regaço.

Mamãe, matou-me um estilhaço...

Minha querida noiva, por que choras?

Relembras certamente as boas horas

Que passamos juntos.

Só nós dois... Iamos casar.

Lembra? E depois...

E depois uma casa retirada.

Com cortinas nas janelas enfeitadas,

Tu me esperando... eu vindo do quartel...

A nossa casa um pequenino céu,

Aberto para a vinda de um herdeiro...

mas, meu sonho, foi meu sonho derradeiro, o de beijar-te antes de morrer.

Mas ante o golpe frio da granada,

Beijei apenas terra ensangüentada.

Mamãe, minha noiva, aqui se encerra

Uma história de sangue, esta é a Guerra.

Não chorem.

Tudo agora é terminado

Rápido como coisa de soldado...

Mas mamãe...

Se novamente a pobre humanidade

Mais uma vez em busca da verdade

Rufar os seus tambores sobre a Terra

Anunciando o sangue de outra guerra,

e mais um filho a Pátria te exigir,

Sem lágrimas mamãe, deixe-o ir...

Embora te destrua o coração,

Ainda que te alquebre a agonia

Deixa-o ir mamãe,

Mas peça a esse irmão,

Para que seja também de INFANTARIA !!!!



Homenagens devem ser feitas enquanto o homenageado está vivo, por que depois que se morre, não se pode desfrutar mais nada...

Um comentário:

Lú Rasmussen disse...

Amuuuuu este muleque!!!